O novo decreto que regulamenta os horários de funcionamento dos estandes de tiro no Brasil trouxe uma grande polêmica. De acordo com as novas regras, clubes localizados dentro de um raio de 1 km de instituições de ensino só podem operar das 18h às 22h nos dias úteis. Nos finais de semana e feriados, o horário se estende das 6h às 22h.
A comunidade CAC (Colecionadores, Atiradores e Caçadores) rapidamente reagiu, apelidando a medida de “CACmorcegos” ou “CACcego”, em referência ao hábito noturno forçado pelo decreto. O humor, porém, reflete uma insatisfação real, já que a restrição impacta diretamente uma parcela significativa dos praticantes e clubes.
O Que Diz o Decreto?
Os principais pontos da regulamentação são:
• Clubes de tiro dentro de 1 km de instituições de ensino:
• Dias úteis (segunda a sexta): treinos permitidos apenas das 18h às 22h.
• Sábados, domingos e feriados: treinos liberados das 6h às 22h.
• Clubes fora desse raio: não enfrentam as mesmas limitações de horário e podem operar normalmente.
A medida afeta diretamente os estandes localizados em áreas urbanas, onde a proximidade com escolas é mais comum. Já clubes em locais afastados permanecem livres dessas restrições.
“CACmorcegos” e “CACcego”: De Onde Vieram Esses Apelidos?
A comunidade CAC rapidamente transformou a indignação em humor. “CACmorcegos” brinca com o fato de que atiradores em áreas urbanas agora só podem treinar à noite, enquanto “CACcego” alude à ideia de que estão sendo tratados como “cegos” às suas próprias necessidades e à realidade do esporte.
Esses apelidos, embora irreverentes, capturam a frustração de uma comunidade que se sente negligenciada e desrespeitada.
Impactos para a Comunidade de Atiradores
1. Afetação Limitada, mas Significativa
Embora as restrições sejam limitadas aos clubes dentro de 1 km de escolas que representa uma grande parcela dos clubes, elas afetam muitos atiradores que dependem dessas instalações em áreas urbanas. Para eles, treinar à noite pode ser a única opção, e a janela reduzida de quatro horas dificulta a organização e o acesso.
2. Segurança e Logística
A limitação do horário para a noite não considera a realidade de muitos locais, especialmente em cidades onde o risco de assaltos e ações criminosas aumenta nesse período. Funcionários e praticantes podem ser expostos a perigos adicionais ao retornar para casa após o treino.
3. Sobrecarga nos Finais de Semana
Para compensar as limitações nos dias úteis, muitos atiradores podem optar por treinar nos finais de semana, sobrecarregando os estandes e reduzindo a qualidade do treinamento.
4. Impacto em Clubes Urbanos
Estandes localizados em áreas próximas a escolas podem sofrer queda no número de frequentadores, já que alguns praticantes podem optar por estandes mais afastados para evitar a restrição de horários.
5. Treinamento Técnico e Competitivo
O tiro esportivo, especialmente em competições, exige prática contínua e técnica apurada. Restringir o horário pode impactar diretamente o desempenho de atiradores que precisam de treinamento frequente para manter sua proficiência.
Reações da Comunidade
A insatisfação com o decreto gerou forte mobilização da comunidade CAC. Nas redes sociais, hashtags como #CACmorcegos e #LiberdadeCAC têm sido amplamente utilizadas para criticar a medida. Muitos argumentam que o decreto ignora as realidades práticas dos atiradores e clubes de tiro, e que a regulamentação deveria ser mais flexível, levando em conta as condições de cada local.
Conclusão: O Decreto e a Necessidade de Diálogo
Embora o decreto tenha como objetivo aumentar a segurança em torno de instituições de ensino, ele acaba prejudicando a prática do tiro esportivo em áreas urbanas. Ao limitar o horário dos estandes de tiro próximos a escolas, o governo impacta negativamente uma comunidade que promove o esporte com responsabilidade.
Além disso, a obrigatoriedade de treinos noturnos nesses locais pode expor praticantes e funcionários a riscos de segurança, além de gerar sobrecarga nos estandes durante os finais de semana.
Os “CACmorcegos” seguirão adaptando-se às limitações, mas o humor usado para protestar reflete um pedido claro: que as autoridades “ajustem a mira” e promovam um diálogo mais aberto com a comunidade, buscando soluções que respeitem tanto a segurança quanto o direito à prática esportiva.

Eduardo Maschietto é um autor ítalo-brasileiro, especialista em sobrevivência urbana, Direito e Ciências da Computação, com mais de uma década de experiência internacional. Instrutor certificado de armamento e tiro, palestrante e escritor, Eduardo é autor de obras como Declínio Moral e Seja um Patriota e Não um Idiota. Ele se dedica a educar e conscientizar sobre segurança, valores fundamentais e responsabilidade individual, combinando história, filosofia e prática em seus projetos e reflexões.