O Senado aprovou o Projeto de Lei 1.169/2025, que autoriza o compartilhamento de dados das secretarias de segurança pública com aplicativos de navegação e transporte. Na prática, o sistema permitirá que regiões com altos índices de criminalidade sejam marcadas como “áreas de risco”, e que rotas e corridas sejam bloqueadas ou evitadas automaticamente pelos aplicativos. A proposta segue agora para análise na Câmara dos Deputados.
À primeira vista, a medida parece um avanço lógico: unir tecnologia e segurança para reduzir a exposição de motoristas e passageiros a situações perigosas. No entanto, sob o olhar de um preparador urbano, o texto também levanta preocupações estratégicas e éticas importantes. Sem entrar em detalhes econômicos. Onde deveria haver o combate, haverá somente o alerta.
Os pontos positivos
- Acesso a dados reais de criminalidade
Pela primeira vez, haverá um canal direto entre dados oficiais de segurança e plataformas amplamente utilizadas pela população. Para o preparador, isso significa melhor planejamento de rotas, deslocamentos mais conscientes e uma leitura geográfica mais precisa do risco urbano. - Direito de recusa legitimado
O texto garante ao motorista o direito de recusar viagens para áreas classificadas como perigosas — algo que antes poderia gerar punições dentro dos aplicativos. Esse reconhecimento é um passo importante para quem entende que autoproteção não é covardia, mas prudência. - Integração entre segurança pública e civil
Essa cooperação entre Estado e tecnologia, se bem executada, pode transformar a prevenção passiva em uma ação inteligente e antecipada. Para quem se prepara, quanto mais informação confiável houver disponível, melhor será o planejamento diário.
Os riscos e contradições
- Censura geográfica e manipulação de fluxos
O mesmo sistema que alerta sobre áreas perigosas pode ser usado para restringir o deslocamento populacional. Em cenários de crise política ou controle social, bastaria alterar os “parâmetros de risco” para bloquear o acesso a bairros, manifestações ou zonas específicas. É um poder que pode facilmente ser desvirtuado. - Dependência tecnológica
Ao entregar nossa percepção de segurança aos algoritmos, corremos o risco de desligar a vigilância pessoal. O verdadeiro preparador entende que a tecnologia é apoio, não substituto da consciência situacional. Mapas e aplicativos não substituem o olhar atento, o conhecimento local e o instinto treinado. - Falsa sensação de segurança
Áreas “verdes” no mapa não significam locais seguros, apenas locais menos relatados. A ausência de dados pode mascarar a realidade, especialmente em regiões com subnotificação de crimes ou má alimentação das bases públicas. O perigo, nesse caso, é confiar demais no sistema e deixar de lado a prudência real. - Privacidade e rastreamento
Qualquer integração entre governo e aplicativos traz um tema inevitável: vigilância. A partir do momento em que os deslocamentos passam a ser cruzados com dados criminais, o usuário se torna parte de um mapa comportamental, abrindo espaço para monitoramento indevido ou segmentação política.
O olhar do preparador
Para quem busca autossuficiência urbana e segurança pessoal, o PL 1.169/2025 representa uma faca de dois gumes.
Por um lado, é uma ferramenta útil, um recurso adicional para leitura tática do ambiente.
Por outro, é um lembrete de que a liberdade individual e o discernimento não podem ser delegados a aplicativos nem ao Estado.
A verdadeira preparação não é apenas saber por onde não passar, mas entender por que certas áreas se tornaram perigosas, e o que isso revela sobre a degradação moral e social das cidades brasileiras.
Mapas podem mudar. Dados podem ser editados. Mas o senso de vigilância, esse, precisa ser cultivado.
Conclusão:
Use a tecnologia, mas não dependa dela.
Aprenda a ler o território com os próprios olhos, mantenha a consciência situacional ativa e trate qualquer “alerta de risco” como o que é — um dado a ser interpretado, não uma verdade absoluta.
E você? O que acha? Ainda está tramitando, junto com dezenas de outros projetos de lei que podem mexer com o dia a dia da sociedade e também do preparador.

Eduardo Maschietto é um autor ítalo-brasileiro, especialista em sobrevivência urbana, Direito e Ciências da Computação, com mais de uma década de experiência internacional. Instrutor certificado de armamento e tiro, palestrante e escritor, Eduardo é autor de obras como Declínio Moral e Seja um Patriota e Não um Idiota. Ele se dedica a educar e conscientizar sobre segurança, valores fundamentais e responsabilidade individual, combinando história, filosofia e prática em seus projetos e reflexões.









