Se imagine indo em um grande centro urbano. Brás em SP, Uruguaiana no RJ, ou em qualquer centro comercial mais movimentado. Obvio que seu intuito ao estar ali naquele momento é fazer compras. Pela lógica se você vai fazer compras está com dinheiro ou cartões de crédito. Golpistas e ladrões que são mestres em passar despercebido (pelo menos na maioria dos casos nestes lugares específicos), se passando por transeuntes, estão observando cada movimentação. Mochilas atrás que são fáceis de abrir, bolsas que são fáceis de dar um bote enquanto o alvo está distraído. Ou mesmo, celulares fáceis de roubar.
É muito comum estes vagabundos andarem em bando. São realmente organizados e táticos. Enquanto um esbarra na vítima, o outro pega um bem e corre, outro chega e distrai a vítima para tirar o foco do ladrão em fuga, até mesmo se colocando como ajuda.
Agora vamos falar do tema que talvez seja o mais importante neste livro para os dias atuais. Ao chegar nestes grandes centros comerciais, já somos alvos desde o momento em que chegamos, pois observadores já estão em um ponto de ônibus, em pontes, ou mesmo tomando um café em algum estabelecimento. Este é o “olheiro”, e ele é o responsável por transmitir a informação para o “comunicador” do bando, que recebe a mensagem e retransmite ao restante para enfim partirem para a “caça”.
Utilizando-se da técnica da simples distração para um furto (vítima não percebe que foi roubada), um elemento distrai a vítima tentando oferecer algum produto ou mesmo esbarra na vítima em alguma loja cheia. Ela não sente a presença do segundo elemento (ou terceiro, depende de quantos estão envolvidos na operação) e subtrai o item.
A mesma técnica pode ser aplicada mas desta vez utilizando a distração para um roubo. O pior cenário é quando esta abordagem é violenta. Nem homens escapam desta investida quando se tem 2 na frente um confronto e 1 por trás para roubo e a rasteira, pois a vítima raramente consegue observar todos os elementos do cenário. Isto é o que chamamos de “visão de túnel”.
A visão de túnel acontece quando um elemento é colocado sob alto estresse e a adrenalina é elevada a nível altíssimo, então o elemento perde a visão periférica. Isso acontece demais no âmbito policial e em confrontos urbanos, onde o indivíduo confronta a ameaça e se “desliga” dos acontecimentos ao seu redor. Esta situação é perigosíssima, e pode levar o indivíduo a óbito simplesmente por não perceber um segundo ou terceiro elemento (ameaça) vindo por outro ângulo.
No próximo artigo trarei algumas saídas e estratégias de escape destes cenários. Estas informações no mínimo irão te despertar e aguçar seu senso de consciência situacional, e consequentemente elevar suas chances de êxito contra estes agressores.

Marcelo Sheepdog é um sobrevivencialista experiente e renomado instrutor nas áreas de Armamento e Tiro, Sobrevivência Urbana e Treinamento de Sobrevivência em ambientes extremos, como selvas. Com especialização na formação de aeronautas, Marcelo combina profundo conhecimento técnico e prática realista, capacitando seus alunos a enfrentarem situações adversas com confiança e segurança. Sua abordagem pedagógica une disciplina, estratégia e habilidades essenciais para a sobrevivência em cenários desafiadores.