Vivemos em uma época em que o conflito, seja físico, verbal ou simbólico, tornou-se parte do cotidiano. Redes sociais inflamadas, estradas congestionadas, disputas familiares e ambientes profissionais cada vez mais contaminados formam o campo de batalha da vida moderna. Para o homem ou a mulher que busca ser resiliente, forte e consciente, como os que fazem parte da Confraria do Tiro, dominar armas e técnicas é apenas parte do caminho.
A outra parte, silenciosa e invisível, chama-se inteligência emocional.
A Guerra Invisível
Muitos imaginam que o autocontrole é algo inato, próprio dos “fortes”. Mas não é. O verdadeiro controle emocional é treinável, como qualquer habilidade. E mais: é essencial para sobreviver, física e simbolicamente, aos desafios do mundo real.
A maioria dos conflitos que nos cercam não envolve armas, envolve palavras mal colocadas, olhares tortos, julgamentos precipitados. A capacidade de perceber o que está por trás da raiva, da acusação, da provocação… é o que separa o homem emocionalmente treinado do impulsivo.
O Dado Chocante da Ciência
Pesquisas apontam que 95% das pessoas acreditam ser autoconscientes, mas apenas 15% realmente são. Isso significa que a maioria de nós caminha acreditando que sabe quem é, quando na verdade está reagindo automaticamente ao mundo — como se estivesse no “modo automático”, sem estratégia, sem visão, sem domínio.
E no mundo das armas, da defesa pessoal e da liderança, essa ilusão pode custar caro.
Entendendo a Inteligência Emocional
A Inteligência Emocional (IE) é a capacidade de reconhecer, compreender e gerenciar as próprias emoções, além de compreender as emoções dos outros. Ela envolve:
Autoconsciência – saber o que se sente e por quê.
Autocontrole – saber esperar, recuar, respirar.
Empatia realista – não ser enganado por manipulações, mas entender o que move os outros.
Gestão de relacionamentos – saber dizer “não”, saber ouvir, saber liderar.
Ou seja: IE não é sentimentalismo barato, mas uma disciplina interna. É o que diferencia o lutador do briguento. O sentinela do inconsequente.
No Campo, No Trânsito, Na Vida
Imagine uma situação comum: um desentendimento no trânsito. Alguém te fecha, faz gestos obscenos. Qual é a resposta? A maioria vai no impulso. Mas o membro da Confraria sabe: uma arma nunca deve ser usada por vaidade ou raiva. A inteligência emocional é o que impede que um descontrole acabe em tragédia.
O mesmo vale para discussões familiares, desentendimentos em ambientes de tiro esportivo, ou situações de humilhação pública. Ter IE é manter a cabeça fria quando o sangue ferve. É agir com honra onde outros reagem com impulso.
Treinamento Emocional: Uma Missão Diária
Assim como treinamos postura, saque e precisão, devemos treinar o domínio emocional:
Reconheça seus gatilhos – o que te tira do sério? Observe antes de reagir – a emoção é uma informação, não uma sentença. Respire profundamente antes de agir – o cérebro precisa de oxigênio, e o coração, de tempo. Busque a solução, não a vingança – a força real está em resolver, não em humilhar. Aprenda com os erros emocionais do passado, quantas vezes você já pensou: “eu devia ter ficado quieto”?
Conclusão: A Arma Interior
Na Confraria do Tiro, treinamos para sermos mais do que atiradores, treinamos para sermos guardiões de nós mesmos e dos nossos. E isso exige mais do que mira e calibre. Exige caráter, disciplina e inteligência emocional.
Ser forte não é gritar mais alto, nem reagir primeiro. Ser forte é agir com propósito e domínio. É guardar silêncio quando todos berram. É agir com precisão quando a emoção quer atropelar a razão.
Lembre-se: o maior inimigo que enfrentamos não está do lado de fora, mas dentro de nós, e só a inteligência emocional é capaz de vencê-lo com honra.

Eduardo Maschietto é um autor ítalo-brasileiro, especialista em sobrevivência urbana, Direito e Ciências da Computação, com mais de uma década de experiência internacional. Instrutor certificado de armamento e tiro, palestrante e escritor, Eduardo é autor de obras como Declínio Moral e Seja um Patriota e Não um Idiota. Ele se dedica a educar e conscientizar sobre segurança, valores fundamentais e responsabilidade individual, combinando história, filosofia e prática em seus projetos e reflexões.