As recentes exigências no Estatuto da Segurança Privada, que regulamentam a aplicação das provas de tiro nos cursos de formação e reciclagem para Agentes de Segurança Pessoal Privada, levantam preocupações importantes sobre a eficácia do treinamento oferecido aos profissionais do setor.
Na nova regulamentação, observou-se um retorno ao modelo de tiro estático, reduzindo significativamente a aplicação de técnicas dinâmicas e realistas que simulam cenários de combate. Em minha experiência, tanto como aluno quanto como instrutor, essa abordagem representa um retrocesso no aprendizado e na preparação prática dos agentes.
Evidências e Consequências Práticas
No contexto atual, a criminalidade evolui com o uso de equipamentos modernos e táticas de combate avançadas, enquanto os profissionais de segurança, na maioria dos casos, permanecem limitados a metodologias ultrapassadas. Para ilustrar, o treinamento dinâmico, que inclui movimentação, identificação de ameaças em tempo real e uso de cobertura, é amplamente reconhecido como mais eficaz para preparar os agentes para situações reais.
Entretanto, a nova legislação reduz a possibilidade de implementar esses métodos durante os treinamentos obrigatórios. Isso é especialmente preocupante quando consideramos que muitos profissionais da área não têm acesso a cursos avançados financiados por seus empregadores, dependendo exclusivamente das reciclagens bienais para atualizar suas habilidades.
Tive a oportunidade de participar de um curso de reciclagem com um dos instrutores mais qualificados do setor. A experiência foi enriquecedora justamente porque as técnicas aplicadas simulavam cenários reais, indo além do básico exigido pela legislação. Este tipo de aprendizado é essencial para preparar os agentes para responderem de forma eficaz às ameaças enfrentadas.
Implicações da Nova Metodologia
Ao focar exclusivamente no tiro estático, perde-se a oportunidade de:
Desenvolver a consciência situacional, a gestão do estresse em situações de risco e
preparar os agentes para operar em condições de combate real, que demandam movimentação constante e tomada rápida de decisões.
Essa limitação compromete a formação de agentes capacitados para lidar com a crescente sofisticação das atividades criminosas, criando uma lacuna perigosa entre as exigências da realidade operacional e a preparação oferecida pelas academias.
Reflexão Final
O Estatuto da Segurança Privada deveria visar à modernização e ao aprimoramento das técnicas de treinamento.
A manutenção de práticas ultrapassadas afeta negativamente a segurança privada, deixando os profissionais vulneráveis e os clientes desprotegidos.
É fundamental que a legislação seja revisada para incluir métodos de treinamento mais modernos e realistas, garantindo que os agentes de segurança estejam preparados para enfrentar os desafios do cenário atual.

Instrutor IAT
Parabéns Daniel…artigo esclarecedor e atual pra proteção executiva…a revisão da nova legislação se faz necessária é preciso trazer profissionais atuantes para o debate.