Há momentos em que a linha entre se defender e ser criminalizado se torna muito fina.
Como instrutor, formado em direito e estudioso do tema, eu vejo diariamente pessoas honestas presas nesse dilema: ou confiam em um Estado que quase nunca chega a tempo, ou assumem o risco de proteger a própria vida — e depois precisam se defender também na Justiça.
No vídeo “Tiro de Advertência — tática ou erro? Defesa Residencial”, eu explico um exemplo clássico dessa contradição: o disparo de advertência.
É uma prática que parece sensata — um tiro “para assustar”, um “aviso” — mas que, na vida real, pode destruir sua vantagem tática, colocar você em risco jurídico e, pior, atingir alguém inocente.
Quando a lei e a realidade não se falam
O Brasil trata o cidadão que reage com mais rigor do que o criminoso que ataca.
A lei fala em “moderação”, mas quem está sob ameaça não tem tempo para calcular jurisprudência.
Enquanto o agressor age livremente, o cidadão precisa pensar se o disparo será enquadrado como “excesso”, se o delegado vai acreditar na sua versão ou se o juiz vai entender o contexto.
Na teoria, a autodefesa existe.
Na prática, ela é desmontada por um sistema que cria medo não só do bandido, mas também do próprio Estado.
O erro tático do “tiro de advertência”
O famoso “tiro para o alto” é um símbolo perfeito dessa confusão.
Muita gente acredita que serve como dissuasão, um sinal de força — e até é verdade que, em casos isolados, o barulho já fez ladrões correrem.
Mas isso não é estratégia, é sorte.
Como explico no vídeo, na realidade tática, o tiro de advertência é um suicídio de posição:
- O som revela exatamente onde você está.
- O projétil pode ricochetear e ferir terceiros.
- O invasor pode reagir de forma ainda mais violenta.
- E juridicamente, você acabou de criar uma prova contra si mesmo — um disparo sem justificativa direta.
O que parecia prudência se transforma em caos.
Barulho não é proteção. É informação entregue ao inimigo.
🧠 Estratégia é disciplina, não impulso
A defesa real não começa no momento do confronto — começa antes.
Treinamento, rotina, plano de cobertura, comunicação com a família e com vizinhos.
Quem entende isso não age no impulso, age com método.
Eu ensino isso sempre: o som de uma arma pode assustar um criminoso despreparado — mas também pode custar a sua liberdade ou a sua vida.
O que define o resultado não é o calibre, é a clareza mental.
🔐 O verdadeiro alerta
O “tiro de advertência” que o Brasil precisa não é para o alto, é para dentro.
É o alerta de que o Estado não pode continuar desarmando o cidadão honesto enquanto falha em conter o criminoso.
É o alerta de que segurança pública não se resolve com decretos, mas com cultura de responsabilidade, treinamento e consciência situacional.
A autodefesa não é crime.
Crime é deixar o cidadão refém de uma lei que o pune por sobreviver.
📺 Assista agora:
👉 Tiro de Advertência — tática ou erro? Defesa Residencial
💬 E me diga: você acredita que o cidadão brasileiro ainda tem um direito real à defesa — ou apenas uma “autodefesa sob permissão”?

Eduardo Maschietto é um autor ítalo-brasileiro, especialista em sobrevivência urbana, Direito e Ciências da Computação, com mais de uma década de experiência internacional. Instrutor certificado de armamento e tiro, palestrante e escritor, Eduardo é autor de obras como Declínio Moral e Seja um Patriota e Não um Idiota. Ele se dedica a educar e conscientizar sobre segurança, valores fundamentais e responsabilidade individual, combinando história, filosofia e prática em seus projetos e reflexões.