Por: Daniel Ramos e Eduardo Maschietto
Introdução
Em tempos de redes sociais, a imagem frequentemente vale mais do que a substância. Vivemos cercados de “galãs de novela” e “influenciadores famosos”, sempre impecáveis na aparência e na autopromoção, mas muitas vezes incapazes de agir diante de situações reais.
O vídeo que viralizou — mostrando um homem simples, sem camisa, carregando uma motosserra para cortar a árvore caída que bloqueava a estrada — traz uma lição profunda: o verdadeiro valor está em quem resolve, não em quem aparece.
Esse episódio é uma oportunidade perfeita para refletirmos sobre consciência situacional, conceito vital para a vida em sociedade e para a preparação urbana. Afinal, o homem preparado não é aquele que se destaca na estética, mas o que enxerga o problema, avalia o ambiente e age para restaurar a ordem.
O que é Consciência Situacional?
Consciência situacional é a capacidade de perceber, compreender e antecipar o que está acontecendo ao nosso redor. Envolve três etapas:
Percepção: enxergar o ambiente, identificar elementos relevantes (a árvore caída na estrada, por exemplo). Compreensão: interpretar o impacto desses elementos (o trânsito parado, o risco de acidente, a necessidade de liberar a via). Projeção: antecipar consequências e agir de forma a garantir segurança, continuidade e solução.
Essa habilidade é treinável e fundamental para qualquer cidadão que deseje estar preparado para o inesperado. Não se trata apenas de autopreservação, mas também de responsabilidade comunitária.
O Homem que Resolve
No vídeo, não vemos um militar fardado, tampouco um político prometendo soluções. Vemos um homem comum, de bermuda, com aparência até desleixada, mas com algo que falta a muitos: a disposição de agir.
Ele carrega uma motosserra, ferramenta simples, mas poderosa, que permite devolver a normalidade a dezenas de pessoas presas no trânsito.
A lição é clara: não é a estética que define o valor de um homem, mas sua utilidade real em situações concretas. O que vale mais — milhares de seguidores em uma rede social ou a capacidade de cortar uma árvore que impede dezenas de famílias de seguirem viagem?
Esse homem representa o oposto da passividade. Ele não espera pelo “Estado” ou pela ajuda de terceiros. Ele age.
Preparação Não é Acaso: O Contexto do Homem da Motosserra
É importante observar que esse homem não surgiu por acaso com a ferramenta certa. Muito provavelmente, ele já sabia que a região onde vive sofre quedas frequentes de árvores, principalmente em épocas de chuva ou vento. Talvez a motosserra fosse parte natural do seu cotidiano em um sítio ou propriedade rural. Outra possibilidade é que fosse bombeiro civil ou voluntário, alguém treinado para agir rapidamente em emergências.
Esse detalhe revela algo essencial: preparação não é improviso. Quem anda com uma motosserra à disposição não está brincando de herói. Ele tem consciência do ambiente em que vive, conhece os riscos e mantém as ferramentas adequadas para quando a situação exigir.
Aqui está a chave da preparação urbana (ou rural): adaptar sua prontidão à realidade do seu contexto.
Quem mora em áreas de enchente precisa de bombas de água, lanternas e kits de evacuação. Quem vive em centros urbanos deve priorizar mobilidade, energia portátil e meios de comunicação. Quem mora perto de matas ou estradas rurais, como o homem do vídeo, precisa de ferramentas para lidar com quedas, cortes e acessos bloqueados.
A preparação urbana não é igual para todos. Ela é personalizada pela consciência do ambiente.
A Sociedade da Aparência e a Falta de Ação
Vivemos em um tempo onde as pessoas são treinadas para exibir, não para agir. A influência cultural dominante valoriza mais a narrativa do que a realidade. Mas no mundo real, quando ocorre um acidente, uma enchente, um apagão ou um bloqueio, pouco adianta a estética ou a retórica.
A consciência situacional nos lembra que a vida urbana é imprevisível, dinâmica e muitas vezes dura. Quem garante a fluidez do cotidiano não é o mais bonito ou o mais famoso, mas o mais atento, o mais preparado e o mais disposto.
Preparação Urbana: Ferramentas e Habilidades
O exemplo do vídeo também ilustra a importância da preparação urbana. O homem não apenas percebeu a necessidade, mas possuía os meios para resolver: uma motosserra.
Na prática, preparação urbana significa estar pronto para lidar com imprevistos na cidade, que vão desde blecautes e enchentes até acidentes de trânsito. Alguns pontos-chave:
Ferramentas: portar e saber usar equipamentos básicos (canivete, lanterna, kit de primeiros socorros, power bank, e em casos mais avançados, ferramentas como geradores, motosserras e rádios comunicadores).
Treinamento: não basta ter as ferramentas, é preciso prática para usá-las com segurança e eficácia.
Atitude: a coragem de se expor e agir, mesmo quando todos ao redor estão paralisados esperando “alguém resolver”.
Esse tripé — ferramentas, treinamento e atitude — transforma um cidadão comum em alguém capaz de fazer a diferença.
O Legado da Consciência Situacional
Para nós, da Confraria do Tiro, consciência situacional não é apenas um conceito teórico. É um valor. É a mentalidade que separa o “espectador da vida” daquele que age com responsabilidade, prudência e coragem.
Num cenário urbano de crise — seja um desastre natural, um acidente de trânsito, ou até situações de violência — a consciência situacional:
Aumenta a segurança pessoal e familiar. Permite proteger e ajudar vizinhos e desconhecidos. Cria uma rede de confiança e solidariedade real, não baseada em discursos, mas em ações.
Do Individual ao Coletivo
Consciência situacional não é apenas sobre si mesmo. Ela é um serviço à coletividade. O homem que corta a árvore não apenas garante seu próprio caminho, mas libera a estrada para todos.
Essa é a essência da liderança prática: agir pelo bem comum sem esperar reconhecimento. Muitas vezes a diferença entre o caos e a ordem está na atitude de poucos.
Tema inclusive da nossa Palestra (fique de olho na próxima data) e Curso On-line (a ser lançado)
Lições Práticas para os Membros da Confraria do Tiro
Treine o olhar: observe sempre o que está ao seu redor.
Antecipe cenários: pergunte-se “e se…?” constantemente.
Monte seu kit urbano: adapte-o à sua realidade.
Pratique resolução de problemas: não delegue tudo ao Estado.
Seja exemplo: inspire outros com ações, não só com palavras.
Conclusão
O vídeo viral pode parecer apenas uma cena curiosa: um homem sem camisa, de bermuda, carregando uma motosserra. Mas, na verdade, é uma parábola do mundo moderno. Ele nos mostra que, no fim das contas, o homem que resolve nunca será o mais admirado pela aparência, mas sempre será o mais necessário pela atitude.
Na Confraria do Tiro, nossa missão é formar cidadãos assim: atentos, preparados e prontos para agir. Porque quando a árvore cair na estrada — ou quando qualquer crise bloquear o caminho da sociedade — o que fará diferença não será a fama, nem o discurso, mas a consciência situacional de homens e mulheres que sabem agir.
📌 Palavras finais: A preparação urbana não é luxo. É responsabilidade. E, mais ainda, é um chamado à ação prática e consciente, em prol da sua segurança e da coletividade.

Eduardo Maschietto é um autor ítalo-brasileiro, especialista em sobrevivência urbana, Direito e Ciências da Computação, com mais de uma década de experiência internacional. Instrutor certificado de armamento e tiro, palestrante e escritor, Eduardo é autor de obras como Declínio Moral e Seja um Patriota e Não um Idiota. Ele se dedica a educar e conscientizar sobre segurança, valores fundamentais e responsabilidade individual, combinando história, filosofia e prática em seus projetos e reflexões.